O Aristocrata Clube, famoso clube para negros dos anos 60, surgiu como resposta à discriminação racial sofrida pela elite negra em espaços de lazer chiques da cidade de São Paulo, como Sírio-Libanês, Monte Líbano, Paulistano e Clube Pinheiros. A entidade já teve 3 mil sócios no passado e recebeu celebridades como Michael Jackson, Wilson Simonal, Cartola, Ray Charles e Milton Nascimento, além do grupo Jackson Five.
“Naquele momento, havia a necessidade de termos um espaço genuinamente negro, para que pudéssemos socializar. Em virtude da segregação que a comunidade sofria na época, haviam sociedades brancas que não nos permitiam usar suas dependências sociais. Não éramos convidados, tínhamos que ter nosso próprio espaço. Naquela época, existiam artistas e jogadores de futebol que entravam pela porta dos fundos nesses espaços de trabalho deles”, relembra Martha Braga, presidente do Aristocrata.
“O Aristocrata era Wakanda antes de existir Wakanda. Ele criou essa força de aquilombamento e de narrativa positiva. O movimento negro já existia, os negros já brigavam pelo seu espaço, mas eu tenho a percepção de que o Aristocrata, se não o primeiro, foi um dos primeiros projetos de narrativa positiva a mostrar o negro sob outra perspectiva e não somente de tristeza e problemas. Foi uma semente plantada há 60 anos”, observa Felippe Guerra, apoiador do clube.
A história do famoso clube virou documentário, em 2004, com o título Aristocrata Clube: a resistência negra em São Paulo. “A instituição é um berço da resistência que nós continuaremos tendo e viveremos por muito tempo. Essa resistência continua no Aristocrata”, reforça Martha.
Atualmente, em decorrência da pandemia mundial do coronavírus, o espaço está com as atividades paralisadas, mas já vislumbra planos para o futuro. “Se tudo der certo, depois que todo o mundo estiver vacinado, em março do ano que vem faremos um grande baile para celebrar os 61 anos da organização”, comenta Felippe.
O Trace Trends desta terça-feira traz ainda o segundo episódio do quadro Harmonização Poderosa, com Monique Evelle e Lucas Santana; um bate-papo com o cantor Jota.Pê; a poesia de Thata Alves, no Afro Negócios; e os Bafros musicais de Djonga, Rico Dalasam, As Valquírias, Renan da Penha, MC Dricka e mais!
