Entidades judaicas de SP se mobilizam contra ameaça à democracia em Israel

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Instituições e personalidades assinam manifesto contra avanço da reforma judicial proposta pelo primeiro-ministro Benjamin Netanyahu e que pode impactar na garantia de direitos e na pluralidade presente no país

Entidades judaicas de São Paulo estão se mobilizando contra o atual momento de ameaça à democracia que Israel vive, caso a reforma judicial proposta pelo primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu avance nas próximas semanas.

O Instituto Brasil-Israel (IBI), em parceria com a comunidade Shalom, a Congregação Israelita Paulista, a Casa do Povo e movimentos juvenis, entre outras organizações, lançaram uma carta aberta na qual expressam preocupação com o cenário e se solidarizam com os milhares de manifestantes que tomaram as ruas do país. Até o momento, a carta conta com cerca de 1.500 assinaturas.

O manifesto destaca a prevalência dos valores democráticos como um pilar da nação judaica, o que inclui a garantia dos direitos das minorias em toda a sua diversidade, abarcando judeus e não judeus, judeus seculares e religiosos, ortodoxos, conservadores e reformistas, além de toda a variedade de expressões ideológicas e de gênero e a necessidade de preservar o Estado Democrático de Direito no país.

Além da carta aberta, no próximo domingo, 26, as entidades promoverão um ato em prol da democracia israelense.

Veja aqui e abaixo a íntegra da carta aberta:

 

Carta aberta em defesa da democracia em Israel

“O Estado de Israel exerce um papel essencial na identidade e na espiritualidade judaica contemporânea e nós, enquanto judeus brasileiros sionistas, nos orgulhamos de nosso vínculo com o país e com o seu protagonismo entre as nações que defendem os direitos humanos e a liberdade de expressão a partir de uma perspectiva inclusiva e democrática. Dito isso, expressamos nossa profunda preocupação com a proposta de reforma judicial que será votada nas próximas semanas pelo Parlamento Israelense.

A polêmica reforma judicial prevê modificações fundamentais na Suprema Corte, abalando sua independência, bem como um redesenho do sistema de “freios e contrapesos”, responsável pelo equilíbrio entre os poderes.

Especialistas de diversas áreas alertaram que, se a atual reforma for aprovada, o aspecto democrático de Israel será fortemente prejudicado, afetando negativamente a proteção das minorias, das mulheres e dos direitos humanos, além de enfraquecer a segurança nacional e a economia israelense.

Pesquisas indicam que a maior parte da população israelense é contrária aos termos da reforma. Neste momento, centenas de milhares de cidadãs e cidadãos israelenses estão tomando as ruas das principais cidades e cruzamentos das principais estradas, para protestar.

A mobilização envolve diversos setores da sociedade e campos políticos, incluindo trabalhadores de todos os segmentos, estudantes, professores, profissionais liberais, organizações religiosas e laicas, e reservistas do exército.

Apesar dos desafios incomparáveis enfrentados desde sua criação, os valores democráticos sempre prevaleceram como um pilar da nação judaica. Isso inclui a garantia dos direitos das minorias em toda a sua diversidade, abarcando judeus e não judeus, judeus seculares e religiosos, ortodoxos, conservadores e reformistas, além de toda a variedade de expressões ideológicas e de gênero.

Na condição de judeus da diáspora, o impacto dos acontecimentos em Israel também se projeta sobre nós. Também sentimos as consequências do que acontece no país.

Manifestamos nosso apoio e solidariedade aos israelenses que lutam pela manutenção da democracia, e conclamamos a população judaica brasileira para que faça o mesmo, repudiando qualquer ameaça ao Estado Democrático de Direito no país.”

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