Clipe traz pessoas LGBTQIA+ na frente e atrás das câmeras. Lançamento dia 30 de março em todas as plataformas digitai

O amor, como o bolero, dá dois passos pra lá, dois pra cá, esfria e esquenta, acaba e recomeça, mas sobretudo, quando acontece, não faz distinção de nada: é como um sentimento que sai pelo mundo, indo de par em par, a encantar as pessoas, seja quem for, quando for.

Essa é a premissa por trás da realização do clipe de Tudo no Menu, de Matheus Brant, que foca numa relação amorosa entre pessoas trans.  A representatividade de pessoas LGBTQIA+ não fica por aí. Tudo no Menu é dirigido por uma cineasta lésbica, Juliana Antunes, também autora do roteiro juntamente com uma mulher trans,  Sarug Dagir, além de contar no elenco com pessoas não binárias.  Para completar o compromisso  com a diversidade, o filme foi rodado na Gruta !, um dos principais espaços para o fomento da cultura LGBTQIA+ da capital mineira.

Juliana Antunes afirma que foi um trabalho em equipe, bastante colaborativo.  “Ninguém trabalha só. Nesse sentido, foi muito importante agregar, ouvir, repensar, achar soluções, tudo em equipe”, afirma Juliana, que reforça a importância de trabalhar com Sarug na escrita do roteiro e também com  Ciber_org e Juhlia Santos, no set.  “Foi muito bonito construir esse projeto coletivamente. Formamos uma rede de afetos”.

A psicanalista Sarug Dagir, que faz sua estreia como roteirista, afirma que aceitou trabalhar no roteiro porque acredita que o clipe rompe com a linguagem heteronarmativa do amor romântico. “ Tudo no Menu abraça todos esses amores que a linguagem do amor romântico heteronormativo privou de expressão durante séculos. O clipe rompe , traz algo novo, contribui para a vivência saudável da diversidade das formas de amar dentro da nossa sociedade. C’est magnifique”, afirma Sarug , que participou do premiado filme “O Céu sobre os Ombros”, de Sérgio Borges.

A atriz e ativista Juhlia Santos acredita que o cuidado da produção em tratar tudo com muito afeto e profissionalismo foi o combustível para que o trabalho decolasse da melhor forma possível. Ela destaca a importância de se naturalizar a existência das “corpas dissidentes”, como ela define. “Cada vez mais, é importante esse movimento de naturalização dos corpos trans, principalmente da forma como foi feito no clipe. A música vem neste sentido. Tem de tudo no menu, a vida é essa. E é uma delícia a gente poder escolher. O menu está dado, faça suas escolhas, conscientes, genuínas, profundas, reais e, principalmente, faça com muita autonomia das corpas, do desejo, das vontades”.

O artista visual e performer Ciber_org destaca a importância de protagonizar uma história de afeto e não de dor, como em geral a comunidade trans é retratada. “É uma vitória para o movimento”, afirma.

Matheus Brant conta que convidou os parceiros Lucas Fainblat e Vinicius Ribeiro para comporem juntos um bolero, mas não definiu previamente qual seria o tema. “Acho que os dois, já sabendo do meu gosto pela criação de personagens nas letras das minhas músicas, intuíram que esse nosso bolero tinha que fugir do clássico casal heteronormativo e contrastar com a tônica da canção de amor”, afirma o músico. Para ele,  uma frase da Judith Butler, de certa forma, sintetiza Tudo No Menu: gênero é um tipo de imitação para o qual não existe original.”

A princípio Tudo No Menu seria gravado na periferia de Belo Horizonte, mas por causa da pandemia, tudo teve que ser readequado. De acordo com Juliana, a escolha da Gruta ! como locação além da representatividade,  foi  uma maneira de também contribuir com o espaço, que passa por dificuldades financeiras desde que foi proibido de abrir por conta do coronavírus.

Por causa também da pandemia, toda a pré-produção, que durou cerca de nove meses, foi feita online. Inclusive teste de elenco. Obedecendo aos protocolos de segurança da covid-19, o clipe foi gravado em três dias com equipe reduzida.

Tudo No Menu  integra o álbum Cola Comigo, segundo da trilogia dedicada a gêneros populares lançado por Matheus Brant. Fundador do bloco carnavalesco Me Beija que Eu Sou Pagodeiro, de Belo Horizonte, o músico tem se dedicado  ao que ele chama de “furar a bolha do indie” e mergulhar, sem pudores, em estilos musicais muitas vezes vistos como bregas.

Doce Feroz

O cantor e compositor Matheus Brant lançou no último dia 10 de fevereiro o lyric vídeo de Doce Feroz. A música, composta em parceria com Nathália Matos, se tornou um lyric vídeo nas mãos da diretora Maria Leite.

Tudo No Menu

Meu Alain Delon

Diz que tem o dom

De causar frisson bom, bom

Sujo de batom

Cheirando à Avon

Ay, mi corazón

Seminu

Tudo no menu

Albatroz

Alto e feroz

Quando quer me ter

Faz acontecer

Deus, olhai por nós

Aliás, não sou tão voraz

Mas, eu quero muito mais

Com você, por você, só você

Meu amor satisfaz

Eu quero ter uma caminha bem macia

E a gente deita nela juntos todo dia

Fim de semana até parece com a Bahia

A gente pode se encontrar na praia

Fazer amor com a Lua cheia prateada

Você, meu bem, e eu a sua namorada

Amor gostoso a gente faz numa noitada

E deixa o povo fofocar

Laialaia

Fim de semana até parece com a Bahia

A gente pode se encontrar

Laialaia

Amor gostoso, a gente faz numa noitada

E deixa o povo fofocar

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